As principais novidades do Instagram anunciadas na Conferência F8
Mesmo ainda em fase de teste, as ferramentas já dividem opiniões
A última Conferência F8 – evento anual voltado a desenvolvedores -, que ocorreu em 30 de maio, em San Jose, na Califórnia, gerou grande repercussão.
Isso porque Mark Zuckerberg, atual proprietário do Instagram, anunciou um teste com a rede social: tirar a exibição do número de likes (ou curtidas) das fotos e das visualizações de vídeos. O teste, que teve início no Canadá, permite ao usuário escolher mostrar ou não esses dados publicamente.
Segundo a equipe de Zuckerberg, o foco atual do Instagram e de suas outras redes, como o Facebook, é transformar essas plataformas a partir do foco na privacidade. Isso quer dizer que esses espaços, a partir de 2019, vão priorizar as interações em pequenos grupos para se preocupar mais com o conteúdo e não com as métricas de popularidade.
Foco nos seguidores, e não nas curtidas
Como disse Adam Mosseri, vice-presidente de Conteúdo do Instagram, a ideia é colocar o conteúdo em primeiro lugar, não a popularidade. Ou seja, essa transformação ainda em teste pretende trazer o foco para os seguidores e não para o número de curtidas.
O objetivo principal é “tirar a pressão” de cima do usuário. O Instagram entende que a sua rede social deve ser um local para as pessoas se expressarem, e não um concurso de popularidade. Além disso, a proposta pretende deixar o ambiente menos tóxico e competitivo, o que também é um fator importante para o combate ao bullying e outras doenças como ansiedade e depressão, enfermidades agravadas após o “boom” das redes sociais.
Como essa mudança impacta na produção de conteúdo e interação com os clientes e usuários?
Faz algum tempo que as curtidas perderam destaque na estratégia de marketing no Insta. Uma análise de engajamento, por exemplo, precisa levar em conta outros fatores como comentários, compartilhamentos e conversão. Por isso, o que se espera é que produtores de conteúdo estejam cada vez mais preparados para deixar de lado o foco na popularidade e concentrar-se muito mais no conteúdo e no público de interesse.
Diminuição dos bots, compra de likes e seguidores
A mudança anunciada na F8 fará com que a contratação de bots (robôs) para angariar likes e seguidores, enfim, não surta mais efeito. Isso deve-se ao fato de que quem trabalha com o Facebook e Instagram, sobretudo para fins de marketing, e tem como único objetivo as métricas de vaidade, terão agora que se reinventar.
Como ficam os criadores de conteúdo, as agências e os influenciadores?
O que se tem, por enquanto, é a ideia de que os profissionais que atuam como influenciadores e criadores de conteúdo terão de entregar relatórios às agências, como forma de mostrar o resultado de seu trabalho. Isso não seria um grande problema, pois esses usuários continuam tendo acesso aos números, de modo particular. De acordo com Danilo César Oliveira, fundador da Bird, as marcas ainda poderão mapear esses dados por meio de softwares de monitoramento.
No caso das marcas, que estão cada vez mais focadas na experiência do usuário, essa mudança do Instagram pode tornar as estratégias muito mais elaboradas, com conteúdos mais relevantes, já que a quantidade de curtidas perderá o seu espaço nesse cenário.
Como dito anteriormente, o foco é no conteúdo e o quanto de conexão ele pode gerar entre as pessoas, que passam a ter espaço de destaque na plataforma. Essa visão vai de encontro às expectativas tanto do mercado quanto da sociedade.
Mudar o foco da plataforma, é possível?
Uma das principais discussões levantadas pelos experts do assunto é saber se essa mudança, caso concretizada, vai realmente ganhar adesão por parte dos usuários da rede social. Isto porque o Instagram sempre foi uma plataforma pautada pela imagem e popularidade.
Enquanto alguns especialistas defendem que a mudança é positiva, pois permite que a rede social se torne mais humana, outros apostam que será um tiro no escuro. Os pessimistas acreditam que pessoas podem deixar de usar o Instagram, pois precisam do like como motivação para se fazerem presente, ali, naquele ambiente.
Existem outros testes acontecendo?
A resposta é sim. Ainda com o foco na redução do bullying e toda a pressão social que envolve as redes sociais, outros testes foram anunciados no F8. Um deles é uma espécie de “cutuque” para quem for identificado escrevendo uma mensagem ofensiva ou vista como tóxica, antes que esse comentário seja publicado.
Além do “cutuque”, uma ferramenta pensada para dar um descanso da rede pode entrar em vigor. O “Away Mode” vai deixar o usuário suspender sua conta, sem precisar excluí-la. A proposta é pensada para momentos em que a pessoa estiver enfrentando algum momento difícil em sua vida. O conteúdo ficará salvo e o usuário terá acesso quando quiser retornar para a mídia social.
E a última das ferramentas em teste, anunciada também na conferência, pensa em dar ao usuário um maior controle para decidir que tipo de interação será aceita pelo seu perfil. A proposta é que o usuário terá o poder de escolher, por exemplo, enviar mensagem privada ou escolher quais outros usuários poderão deixar comentários em suas publicações.
“Não é surpresa que a forma mais rápida que nos comunicamos on-line é em pequenos grupos. (…) É por isso que acredito que o futuro é privado. Este é o próximo capítulo para nossos serviços.” – Mark Zuckerberg.